Capítulo 45
“Enterrar? Naiara, parece que você não se sente bem a menos que amaldiçoe a sua filha, não é?”
Jorge parecia um iceberg, sua voz fria como se viesse das profundezas do inferno.
Naiara mal se aguentava de pé, seus olhos vermelhos encaravam a foto da filha sobre o criado–mudo.
A direção do olhar da filha apontava diretamente para Jorge.
Desde o nascimento de Zélia, não importava o quanto Jorge a tratasse com frieza.
No coração dela, ainda havia um amor profundo por seu pai.
Naquele momento, ao olhar nos olhos da filha, Naiara parecia ver a esperança no olhar dela.
Ela esperava que seu pai pudesse acompanhá–la em sua última jornada, para que pudesse renascer em paz na próxima vida.
Naiara levantou a mão para segurar o braço de Jorge e se virou para olhá–lo.
Por Zélia, ela mais uma vez falou: “Jorge, eu estou falando a verdade, Zélia realmente…”
Jorge abaixou o olhar e encontrou os olhos marejados de Naiara, a dor em seu olhar era tão real, que ele se lembrou do dia da premiação do concurso de design.
Foi exatamente por esses olhos que ele fora enganado.
“Naiara, você é simplesmente irrecuperável!”
Jorge afastou Naiara com um movimento brusco, e o amuleto que ele sempre carregava foi lançado junto, atingindo o rosto de Naiara.
Ela instintivamente virou o rosto para desviar, mas ainda assim foi atingida no canto do olho.
“Ah!”
A dor a fez soltar um gemido.
O amuleto caiu sobre a cama, Naiara olhou para ele, paralisada, algo passou por sua mente.
Ela instintivamente estendeu a mão para pegá–lo, querendo ver melhor.
Mas assim que tocou.
“Não toque.”
Jorge rapidamente o tomou de volta.
Ele o colocou de volta com cuidado e reverência.
Depois, a olhou friamente, virou–se e saiu sem olhar para trás.
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Capitulo 45
Naiara ouviu a porta se fechar, seu corpo desabou sobre a cama de Zélia, olhando para o rosto de Zélia no criado–mudo, seus olhos ficaram ainda mais vermelhos.
Lágrimas transbordaram de seus olhos, chorando silenciosamente.
Ela havia acabado de se recuperar da febre e, em pouco tempo, adormeceu.
Ela sonhou.
No sonho, ela novamente viu o amuleto que caíra de Jorge.
Mas o amuleto não estava no Jorge, e sim em uma menina de cerca de cinco ou seis anos.
Ela estava com a cabeça baixa, lágrimas caíam incessantemente.
Na frente dela estava um menino de cerca de dez anos.
O menino retirou um amuleto de seu pescoço e cuidadosamente o colocou na mão da menina, “Pequena Laranja, espere por mim.”
A menina chamada Pequena Laranja imitou o menino, retirou o amuleto do pescoço e pediu para o menino se agachar.
O menino cooperou, se agachando, revelando o rosto da menina.
Naiara de repente abriu os olhos.
Seu corpo estava desconfortável, suava frio, e o pijama estava novamente encharcado.
Naiara levantou–se da cama, trocou de pijama e voltou a se deitar.
A imagem da menina em seu sonho voltou à sua mente.
Aquele rosto, parecia tanto com ela quando criança.
Mas ela não tinha essa memória.
Naiara estava exausta, não pensou mais sobre isso. Para ter uma boa noite de sono, pegou a melatonina do criado–mudo, tomou e, em pouco tempo, adormeceu profundamente.
No hospital.
Valéria finalizou a papelada da alta, esperando por Jorge para buscá–la.
O tempo estava agradável, e ela aproveitava o sol quente no jardim do setor de internação.
“Srta. Gomes.”
De repente, uma voz sórdida ressoou atrás dela.
Valéria estremeceu intensamente.
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